segunda-feira, 4 de maio de 2009

A LENTA AGONIA DA AMAZÔNIA



Um bicho dócil e simpático está a caminho da extinção no Brasil: o peixe-boi. A não ser que você faça alguma coisa. Visitei o Instituto de Pesquisas da Amazônia, em Manaus. O INPA é um dos centros de excelência da pesquisa brasileira. Testemunhei o entusiasmo de cientistas com causas aparentemente perdidas.

E vi como eles fazem muito com pouco dinheiro. A história do maior mamífero brasileiro é um exemplo. O peixe-boi marinho era abundante na costa do Brasil. Está praticamente extinto. O peixe-boi de água doce corre o mesmo risco na Amazônia. O INPA conseguiu reproduzí-lo em cativeiro.

O bicho não está resistindo ao avanço do homem nos rios. É lento para nadar e para se reproduzir. Precisa de uma grande quantidade de algas para se alimentar. Os motores espantam o peixe-boi de seu habitat. A poluição, causada pelos barcos, pelo garimpo e pela população ribeirinha, mata as algas. Além disso, existe uma tradição difícil de superar. Matar o peixe-boi é ensinado de pai para filho na Amazônia.

Os bichos são cercados por redes. São mamíferos que precisam vir à tona para respirar. Como o peixe-boi é muito grande, os pescadores usam um método cruel para matar o bicho. Quando o peixe-boi tira a cabeça da água para respirar, os ribeirinhos colocam rolhas nas narinas do bicho. O peixe-boi morre asfixiado ou a pauladas.


Quando estive no INPA, havia alguns peixe-boi em cativeiro. O projeto visa repovoar os habitats naturais, em áreas ainda isoladas. É um trabalho que exige persistência e paciência.

Antes de passar pelo INPA, eu tinha visita a reserva de desenvolvimento sustentável de Mamirauá, que fica perto de Tefé. Os cientistas de lá tentavam adaptar dois animais à reserva. A responsável pelo programa estava de luto. Um dos bichos tinha morrido.

O agronegócio é a menina dos olhos do governo Lula, porque gera exportação e dinheiro no caixa para pagar a dívida externa. Em nome disso, ninguém dá bola para o que acontece na franja sul da Amazônia, principalmente no Pará. Nunca a floresta caiu tão rápido. Ainda bem que temos gente dedicada a salvar a Amazônia e o peixe-boi.

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